O termo correto é Pitaya ou Pitaia e como devo cultiva-la?

Ambas as grafias “pitaia” e “pitaya” são corretas e amplamente empregadas no Brasil. A escolha entre uma ou outra é uma questão de preferência. Optamos por utilizar pitaia com “i” por ser uma forma mais abrasileirada, enquanto “pitaya” está associada aos termos em inglês e espanhol.

Ficha técnica

Gênero: Selenicereus (recentemente alterado de Hylocereus).

Nome científico das espécies mais comuns: Selenicereus undatus (pitaia branca), Selenicereus costaricensis (pitaia vermelha).

Introdução

A pitaia, oriunda da América Central, é uma fruta muito bonita, de aparência exótica e uma polpa suculenta e doce, repleta de sementes. As escamas presentes na casca lhe renderam o prestigiado título de “Fruta do Dragão”, como é conhecida mundialmente. Membro da família dos cactos, essa planta de beleza incomum não apenas impressiona, mas também se revela como uma experiência de cultivo enriquecedora para os agricultores. Desde seus caules intrigantes até as flores que desabrocham a noite, a pitaia se destaca como uma joia botânica, prometendo não só um sabor inigualável, mas também uma jornada de cultivo repleta de recompensas.

Além disso, a pitaia apresenta um perfil nutricional com muitas de substâncias nutritivas, sendo uma fonte de fibras, vitaminas, antioxidantes, dentre outros. Assim, a pitaia tem conquistado a preferência dos consumidores, tornando-se uma excelente opção de negócios para produtores e para agroindústrias. Esta ótima aceitação resultou em uma absorção significativa da produção para o processamento da fruta. A implantação de pomares de pitaia não apenas contribui para a economia local, mas também fortalece a dependência da mão de obra, gerando oportunidades diretas para atividades essenciais como poda, colheita, pós-colheita, entre outras. Essa interação sinérgica entre a comunidade e a produção de pitaias promove o crescimento econômico para o agricultor e enriquece a região produtora.

Benefícios para a saúde

A pitaia destaca-se como uma excelente fonte de nutrientes essenciais para a saúde, como betacaroteno, licopeno e antioxidantes. As sementes dessa fruta apresentam 50% de ácidos graxos essenciais, incluindo 48% de ácido linoleico (ômega-6) e 1,5% de ácido linolênico (ômega-3), proporcionando também um efeito laxante.

Rica em vitaminas, fósforo e oligossacarídeos, a pitaia desempenha um papel fundamental no processo digestivo, contribuindo para a prevenção de doenças como câncer e diabetes. Além disso, sua ação antioxidante auxilia na neutralização de substâncias tóxicas. A notoriedade da pitaia inclui os potenciais benefícios à saúde associados aos altos níveis de betalaína, proporcionando propriedades antioxidantes, antilipidêmicas, redutoras da obesidade, resistentes à insulina e antimicrobianas, entre outros.

Adicionalmente, a pitaia é uma fonte de tiramina, uma substância estimulante que incentiva o corpo a utilizar as reservas de açúcar e gordura para gerar energia. Essa combinação de nutrientes faz da pitaia não apenas uma fruta exótica, mas também uma aliada valiosa para a promoção da saúde e do bem-estar.

Características da pitaia

A pitaia é uma trepadeira com espinhos e por isso é necessário ser conduzida em suporte vertical. Suas flores desabrocham no final da tarde, mantendo-se abertas por apenas uma noite. Os cladódios, caules carnosos sem folhas, possuem pequenos espinhos. Essa combinação de características faz parte da identidade única dessa planta, proporcionando desafios e peculiaridades ao seu cultivo.

Condições de cultivo

O cultivo da pitaia apresenta perspectivas promissoras no Brasil, estendendo-se desde o Pará até o Rio Grande do Sul, graças à adaptabilidade das suas variedades às diversas condições edafoclimáticas do país. Embora a planta seja capaz de prosperar em uma ampla gama de climas, desde tropicais até subtropicais, é crucial que você forneça a ela um solo bem drenado e exposição solar plena. Ao cultivar pitayas em casa, é crucial prestar atenção à intensidade solar, pois a exposição excessiva pode levar a queimaduras solares. Para mitigar essa preocupação, recomendamos a aplicação de protetores solares específicos para plantas, como o Sungard. Além disso, alternativas eficazes incluem o uso de substâncias como pasta bordalesa ou caulim. Essas medidas garantem a saúde da sua plantação e um cultivo bem-sucedido de pitayas.

Floração e frutificação

A pitaia, uma planta de dias longos, inicia seu período de produção nos meses de novembro a dezembro, estendendo-se até maio nas regiões Sul e Sudeste. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, ela apresenta um período de floração mais prolongado, com destaque para o estado do Pará, onde a produção se estende ao longo de 11 meses do ano.

O processo de frutificação da pitaia varia de 30 a 90 dias, dependendo da variedade. Notavelmente, as variedades Amarela Colombiana e Palora possuem ciclos mais prolongados, exigindo um tempo maior desde a polinização até a colheita.

Escolha da variedade

Há centenas de variedades de pitaia no mundo, no entanto aqui no Brasil as únicas variedades  registradas são as desenvolvidas pela Embrapa incluem Luz do Cerrado, Lua do Cerrado, Granada do Cerrado, Âmbar do Cerrado e Mini Pitaia do Cerrado.

Preparo do solo

Para garantir um solo ideal para o plantio, é recomendável realizar a preparação três meses antes da semeadura, envolvendo práticas como aração, gradagem e, se necessário, calagem. A adubação de fundação, ou adubação de plantio, é crucial nesse processo, utilizando uma fonte de fosfato e uma generosa quantidade de matéria orgânica. A dosagem adequada pode ser determinada por meio de uma análise de solo, proporcionando condições ideais para o desenvolvimento saudável da pitaia.

Plantio

O plantio da pitaia é viável em qualquer época do ano, desde que haja irrigação disponível. No entanto, na ausência de sistema de irrigação, é aconselhável realizar o plantio no início do período chuvoso. As mudas são obtidas a partir de estacas retiradas de plantas adultas, e o plantio pode ser realizado diretamente no solo, mesmo sem raízes. No entanto, se as estacas possuírem raízes, o desenvolvimento da planta é mais rápido. Essas práticas garantem flexibilidade no plantio e um processo eficiente para o crescimento da pitaia em diferentes condições.

O espaçamento entre as plantas pode variar, desde configurações extremamente adensadas, como 0,4 x 1,5m, até espaçamentos mais amplos de 3 x 4m. Com base em nossa experiência com a cultura, recomendamos espaçamentos mais amplos para facilitar o manejo, especialmente devido à presença de espinhos na planta.

A forma mais comum de condução da pitaia é utilizando palanques (mourões) de eucalipto, em que duas plantas são cultivadas no mesmo palanque . No entanto, há outras opções de condução, como o sistema de espaldeira, por exemplo. Você pode escolher o sistema de condução da planta com base nas condições locais e na disponibilidade de recursos.

Cuidados com a pitaia

Preservar a umidade e prevenir o crescimento de ervas daninhas são cuidados essenciais para o cultivo da pitaia. Mesmo sendo uma planta de cacto, a pitaia aprecia a água, especialmente durante os meses mais secos do ano. A falta de irrigação nesse período pode resultar no estagnação do crescimento, levando à murcha e, em casos mais extremos, à morte da planta.

Poda e condução

A poda e a condução da pitaia são estratégias cruciais que promovem o crescimento vertical desejado e controlar a expansão da planta. Recomenda-se o corte os brotos laterais, deixando a planta crescer sempre em haste única até chegar ao topo do palanque.

É essencial monitorar o crescimento horizontal e podar brotos excessivos na copa para manter a planta equilibrada. A realização de podas de manutenção periódicas é igualmente crucial, pois permite eliminar brotações praguejadas, doentes ou com crescimentos desordenados. Essa prática constante garante a saúde e o desenvolvimento equilibrado da planta, contribuindo para um cultivo bem-sucedido e resistente a complicações. Essa prática assegura a saúde contínua da planta, promovendo um cultivo robusto e livre de complicações. Deve-se realizar também a remoção de flores murchas para evitar podridão nos frutos. Ao realizar esses cuidados, utilize tesouras limpas e forneça suporte adequado às hastes, prevenindo danos e garantindo um desenvolvimento saudável da pitaia.

Problemas comuns e soluções

A pitaia, assim como qualquer cultura, está sujeita a pragas e doenças. Cochonilhas, percevejos, formigas e trips são pragas comuns; no entanto, é possível adotar métodos de controle orgânicos para mantê-las sob controle. Recomendamos a aplicação de óleo de neem e a utilização de produtos de controle biológico como alternativas eficazes, preservando a saúde da planta de maneira sustentável.

As doenças mais significativas incluem viroses, como o CVX (Cactus Virus X), e o Cancro da Pitaia. Você deve monitorar de perto a saúde da planta e agir rapidamente ao identificar sintomas. Essas são medidas essenciais para a prevenção e controle desses problemas.

Colheita

Determinar o momento certo para a colheita é crucial. A pitaia atinge o ponto de colheita quando a escama do fruto exibe coloração metade verde e metade rosa, com uma intensificação da cor rosa na casca. Nesse estágio, é importante proteger os frutos de possíveis ataques de pássaros. Uma prática eficaz é cobrir a pitaia ainda verde com uma touca de TNT, garantindo uma colheita sem danos.

Considerações finais

Cultivar pitaias é uma experiência incrivelmente gratificante, proporcionando não apenas a satisfação de colher frutas frescas e apreciar o sabor agradável, mas também a oportunidade de receber um bom retorno econômico com venda dos frutos. Convidamos os leitores a compartilharem suas experiências, formando assim uma comunidade de entusiastas. Valorizamos não apenas as pitaias, mas também a jornada de cultivar e colher.

Profª Leila Pio – Engenheira Agrônoma, doutora em Fitotecnia e professora de Fruticultura.

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